O Sindifrigo MT espera com atenção e apreensão o desenrolar diplomático da imposição da tarifa de 50% sobre a carne brasileira. A carne é um produto reconhecido como essencial na alimentação do ser humano ao mesmo tempo que sua produção e seu processo produtivo a tornam um produto de valor mais elevado.
Nos últimos meses o setor todo, do produtor rural à indústria, tem trabalhado com margens muito curtas sem espaço para grandes alterações de valores para cima ou para baixo. Em um mundo globalizado os preços se equilibram pela concorrência natural e a diferença deste preço se dá pela diferença nos custos logísticos e nos custos com tributos, que é a parte que fica com os governos.
A história tem cobrado caro de erros crassos de governos mundo afora. Decretos e normas governamentais ditando regras a setores privados normalmente são piores que catástrofes naturais que arrasam setores inteiros. Tarifas indiscriminadas globais sem dosagem no caso a caso são erros que podem prejudicar quem está de um lado ou de outro da fronteira. Errar em uma guerra é permitir que o míssil estoure dentro da própria trincheira.
As políticas que regulam compromissos entre nações são compostas de acordos discutidos durante anos, décadas e séculos. Os infindos acordos e ajustes destes acordos são escritos um a um ao longo de extenuantes discussões. Chamar um parceiro para rediscutir tarifas será normal e desejável desde que em uma esfera diplomática. Sob pressão e em esfera ideológica não podemos admitir nem a provocação tampouco a resposta. Há um universo por trás de alguns blefes como há um universo escondido atrás de meias verdades que pretendem se vitimizar.
A esperança que nos resta é a de que, ainda que os “generais” queiram, os “soldados” não permitirão. A condução deste embate precisa seguir sob a batuta da diplomacia brasileira, mas sob o “olhar” do empresário que produz e faz a riqueza acontecer. Que seja conduzida fora do foco ideológico, mas dentro do campo do desenvolvimento que traz o emprego, o progresso, o bem-estar social, as divisas que o país precisa para incrementar a saúde, a educação e a segurança. Sob pressão recebemos uma taxação injusta e desleal, não será com pressão de um decreto de reciprocidade que sentaremos na mesa de negociação, ainda que ele faça parte da estratégia de negociação.
Passem a bola à diplomacia e aos empresários e ao final evitaremos muitos mísseis estourando em nossas cabeças ou nossos pés.
Paulo Bellincanta – presidente do Sindifrigo MT
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