Após recorde histórico de abates em 2024, Mato Grosso deve ter, em 2025, oferta restrita de carne bovina e alta dos preços da arroba, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos do Estado de Mato Grosso (Sindifrigo-MT), Paulo Bellincanta.
O preço da arroba do boi gordo deve se consolidar em um “novo patamar” em 2025, próximo dos US$ 50, impulsionado tanto pela oferta limitada quanto pelos valores praticados nos principais mercados internacionais, disse ele ao Broadcast Agro.
No cálculo ele considera dólar próximo de R$ 6, para um preço médio entre R$ 300 e R$ 320. Bellicanta projeta dois anos de restrição na oferta de bezerros e boi magro após abates de matrizes, que ocorriam até recentemente.Na visão do presidente do Sindifrigo-MT, até setembro de 2024 os preços da arroba estavam defasados, mas sofreram ajustes significativos nos meses seguintes, “desestabilizando momentaneamente o mercado”.
Na quarta semana de novembro, atingiu valor recorde de R$ 322,87, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), para depois recuar. “Foram ajustes necessários; terminamos o ano com uma estabilidade maior, que esperamos manter em 2025, mas em um novo patamar”, afirmou Bellicanta.
Mato Grosso encerrou 2024 com recorde na produção. Em apenas dez meses, superou a marca anterior ao atingir 6,098 milhões de cabeças abatidas até o fim de outubro, volume que saltou para 6,83 milhões em novembro, segundo o Imea. “O recorde de abates reflete o crescimento da demanda por carne bovina”, afirmou Bellincanta.
Conforme dados do Agrostat, plataforma do Ministério da Agricultura e Pecuária com estatísticas de comércio exterior do agronegócio brasileiro, Mato Grosso exportou 576 mil toneladas de carne bovina entre janeiro e novembro de 2024, com receita de US$ 2,514 bilhões, acima das 482 mil toneladas e US$ 2,161 bilhões de todo o ano de 2023. “Foi um ano bom. Conseguimos ampliar as exportações e o mercado interno respondeu muito bem em termos de consumo”, acrescentou.
Na visão do presidente do Sindifrigo-MT, o Plano Nacional de Rastreabilidade Bovina, lançado em dezembro, deverá impulsionar mais a demanda internacional pela carne brasileira. “Com a rastreabilidade, ganharemos credibilidade e força nos mercados externos, como Europa e Japão”, afirmou.
Bellincanta também acredita que em 2025 haverá avanços na resolução das questões ligadas à nova lei antidesmatamento da União Europeia. Países como Espanha, Itália e Holanda, integrantes do bloco, estão entre os principais destinos da carne bovina mato-grossense. “Apesar das pressões, acreditamos que o bom senso prevalecerá. Precisamos atender às exigências internacionais para nos mantermos competitivos”, concluiu.